terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Amor Próprio

Amor Próprio

Convidar alguém a trabalhar o seu Amor Próprio é sempre algo de paradoxal, pois as pessoas que geralmente mais necessitam são as que menos tendência terão a trabalhar esta matéria, pois não se consideram dignas de mais amor, precisamente porque não se amam o sufiente... pois o amor não tem limites. Amar-me o suficiente não é suficiente. Posso sempre amar-me mais, até me amar incondicionalmente.

O amor nada tem a ver com perfeição. Ter mais ou menos “defeitos” ou mais ou menos coisas boas na minha vida, não implica necessariamente índices mais ou menos elevados de amor próprio. Aliás, por vezes a pessoa começa a entender que deve ter alguma questão por resolver nesta área, quando a vida lhe começa a correr bem e a pessoa sente algum mau estar interno, como se não merecesse o que está a receber. Casos mais complicados são aqueles em que as pessoas não aguentam literalmente algo de bom que estão a receber, e começam a acreditar que aquilo não lhes está a acontecer, ficam desconfiadas, e podem até acusar a “oferta” como sendo ilusória. Por exemplo, começam a acusar um parceiro/ parceira ideal de serem aquilo que não são, pois não acreditam que alguém tão “bom” possa gostar de si. Normalmente sabotam o bem que lhes pode acontecer, numa forma inconsciente de se castigarem por algo que nem sabem o que é. Muitas vezes é uma culpa esmagadora e inconsciente que está por detrás desta ferida de amor próprio.

Quando sentimos um vazio cá dentro... é sinal que antes já esteve algo cá dentro. E é cá dentro. Nunca poderá ser preenchido com coisas exteriores, o melhor emprego, carreira, companheiro/a, etc... É um assunto nosso que nos compete a nós trabalhar e resolver. E isso faz parte do resgate do nosso poder pessoal, sermos nós a pôr a mão na massa e a fazer isso por nós mesmos. Podemos sentir-nos vítimas pelo que provocou a ferida, mas podemos voltar a sentir-nos com poder sobre a nossa vida quando assumimos a responsabilidade e a capacidade de a curar. Uma ferida no amor próprio pode dever-se a qualquer trauma, no qual a pessoa por algum motivo consciente ou inconsciente se acha merecedora do mal que lhe aconteceu. Nas crianças isto é comum quando ninguém as protege ou quando não é feita justiça a algo de mau que lhes fizeram. Forçar ou fazer pressão a uma criança para perdoar antes do mal que lhe foi feito ser corrigido de alguma forma, é dos primeiros e mais subreptícios meios de destruir a auto- estima de uma pessoa. Um exemplo dos nossos tempos é o bullying, a violência nas escolas, pois para além dos agressores, se ninguém na escola se impõe a eles, a criança ou jovem sofre o desprezo das centenas de pessoas que estão na escola. É fácil de entender por que é tão destruidor para as vítimas.

Há um novo conceito que pode provocar graves feridas na auto- estima, que tem por base uma ideologia da chamada “Nova Era” ou da importação pobre da cultura espiritual oriental. Quando se diz a uma pessoa que quando lhe acontece algo de mau é karma ou que ela está a atrair essa situação para a vida dela por responsabilidade dos seus pensamentos ou daquilo que tem no seu interior. O amor próprio aqui recebe duas feridas, primeiro da circunstância que a fere, e depois dos supostos curadores da mesma.

Na minha experiência, muito poucos são os casos em que ainda é uma questão de karma em “linha recta “ que está a imperar, pois estamos em ciclos de encarnação na Terra há muito tempo. A maioria das vezes, é a culpa por algo que a pessoa fez há muitas vidas atrás, que leva a que procure castigo em muitas vidas depois, nunca se conseguindo perdoar. O karma puro e duro, esse está já resolvido há muitas e muitas vidas. A pessoa está apenas a repetir o castigo. Noutras situações, também muito comuns, a pessoa foi tão mal tratada e ficou com o amor próprio em tão mau estado, que mal volta a encarnar volta a atrair situações muita duras sobre si mesma, pois não se valoriza, ficando assim à mercê de pessoas que abusam dela, ficando cada vez com menos amor por si mesma. Em casos mais específicos, a pessoa está a assumir a responsabilidade de curar a sua linhagem familiar, absorvendo as dores e feridas dos seus ancestrais, para os transmutar. Estes são exemplos que mostram a complexidade do tema – é crucial sermos humildes face à riqueza da Alma humana individual, para não se cair na tentação de resumir os milagres de Deus que nós somos a caixas de duas categorias, a clichés como o karma ou “tudo vem do pensamento”.

Em qualquer caso, existem duas leis soberanas acima de qualquer ideologia – a misericórdia divina e a tomada de consciência. Ambas permitem saltar fora destes redemoinhos de sofrimento e resgatar o amor por nós mesmos.

Um tema relacionado com o amor próprio muito comum na Era da Humanidade nos dias de hoje tem a ver com a necessidade de nos cumprirmos enquanto Almas, de alcançarmos o nosso potencial máximo, de encontrar o nosso caminho, o nosso propósito. Esta pressão interna e externa (com a chegada de 2012) é muito maior do que a causada pela pressão social de se vestir bem ou ter um corpo com as medidas “xpto”. O stress causado por algo que se acredita ir tem impacto na Alma, nas próximas vidas, é muito intenso, e causador de sofrimento humano. Como se eu não souber ao que vim nesta vida significasse que perdi a minha oportunidade, que falhei. Ora nada melhor para arruinar o amor próprio de uma pessoa. E, em primeiro lugar, é muito mais fácil assumir a minha grandiosidade espiritual amando-me, do que esperar fazê-lo para depois me começar a amar. Esta assumpção implica não ter medo da exposição pública, da rejeição, do ridículo, e só quem tem muito amor por si o consegue fazer com segurança. Outros o conseguem que não têm amor por si e apenas ego/vaidade, mas este é assunto para outro artigo.

Enquanto portugueses temos outro desafio, que é amarmo-nos enquanto povo. Quando temos dificuldade em reconhecer o valor ou em amar os nossos próprios pais, temos dificuldade em nos amarmos a nós mesmos (tal como ouvi Wilbert Alix a dizer “ You can’t love the creation if you don’t love the creator). Quão difícil será amarmo-nos enquanto portugueses se considerarmos a nossa classe política como os nossos pais! É preferível, e aconselhável, recordarmo-nos que o nosso pai, fundador, é D. Afonso Henriques. Curioso que a palavra pais e país difere apenas num acento... É hora de nos lembrarmos quem somos e nos voltarmos a amar enquanto povo.

O Amor Próprio é um vórtice de energia capaz de atrair tudo de bom para as nossas vidas, é do mais precioso que há em nós. Vamos trabalhar este tema numa perspectiva holística no Espaço Cura Cristalina a partir de 22 de Janeiro de 2011, mais informações em: http://www.espacocuracristalina.com/cursos/liberta-te/

Ana Ferreira, psicóloga, Co- coordenadora do Espaço Cura Cristalina

26 de Dezembro de 2010

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